"Alguns dizem que não existo.
Muitos sorriem com superioridade e condescendência ao ouvir meu nome nos lábios da gente miúda.
Outros tantos usam minha imagem para vender mil produtos,
como se tudo aquilo que represento pudesse ser comercializado.
Mas, longe das luzes das vitrinas, por trás dos sorrisos superiores,
debaixo da camada de ceticismo, continuo existindo.
O meu desaparecimento significaria a incapacidade de sonhar,
o reinado absoluto do real, o fim das cores, da esperança, dos sorrisos
sem cifrões, de um horizonte mais amplo que repousa no fundo dos corações dos homens.
Por isso, viverei sempre.
Viverei porque o ser humano é mais rico e belo do que seus - esses sim - infantis sonhos materiais.
Nasci no primeiro gesto de desprendimento,
no primeiro sorriso, no primeiro estender de mãos.
Atravesso os tempos, as modas, supero a descrença.
É verdade que fico triste ao ver crianças sendo amadurecidas de forma apressada, como se os adultos temessem sua infância, sua inocência,
como se esta época da vida fosse um tempo perdido, uma estação insignificante por onde se devesse passar o mais rápido possível.
É preciso deixar que a infância flua no ritmo natural, na cadência correta.
Que as pequenas descobertas venham no tempo certo,
que os olhos, assim como as estações do ano,
tenham o brilho adequado aos sentimentos que os colorem.
É necessário, também, manter forte e viva a lembrança de tudo isso.
Ela será, sempre, o ponto de equilíbrio entre a razão e a emoção.
Por isso, quando uma criança perguntar se
PAPAI NOEL existe,
diga a ela que sim.
Diga a ela, enfaticamente que sim !
Diga que estou presente em cada minuto em que o homem avança,
que ganha a dimensão dos seres superiores,
que entende sua vida como uma preciosa nota na harmonia do universo.
E diga a ela, ainda, que atendo, também,
pelos nomes de
FRATERNIDADE, AMOR e PAZ."
